Em sua história, a cada quilometro percorrido, Peixe aprendeu uma nova lição fundamental para sua família e seu empreendimento
Luis Antônio de Lima, 43 anos
Empresário – Osvaldo Cruz
Uma brincadeira de criança que virou um grande esporte e uma oportunidade de empreender. Luís Antônio de Lima, 43, mais conhecido como Peixe, descobriu no ciclismo uma energia surreal, para mudar radicalmente sua vida e de sua família.
Sua infância pelas ruas de Rinópolis foi difícil e com desafios diários para sobreviver. Situações que lhe ensinaram sobre o valor da vida, humildade e determinação. “Minha infância foi complicada. Nós éramos bem pobres e chegamos a passar fome. Nossa mãe nos criou sozinha; éramos em três, eu e meus dois irmãos”, lembra.
Aos dez anos de idade, Luís foi trabalhar como boia-fria para ajudar em casa. “Minha mãe dividia um ovo frito para a família inteira”. Durante o dia e com o pouco que ganhava, ele buscava uma forma de ajudar nas despesas de casa. Seis anos depois, com 16 anos, o jovem mudou-se para Inúbia Paulista e foi trabalhar em uma fazenda, onde operava o trator. Por volta de seus 14 anos sua mãe preparava pães e, alguns, ele oferecia aos tratoristas na esperança de que aprendesse a dirigir. Foi então que sua vida começou a tornar um rumo que seria determinante.
“Quando eu tinha uns 14 ou 15 anos comprei uma bicicleta. Eu andava uns 30 km por dia, levava pão para os caras e eles me davam aulas no trator”. Se perguntassem naquela época qual o seu sonho, ele certamente diria que seria tornar-se um motorista de caminhão ou peão de rodeio. Eram profissões que ele acreditava serem o melhor para o seu futuro.
Depois de sua passagem como boia-fria e ajudante geral em uma fazenda, Peixe trabalhou por muitos anos como motorista de caminhão, entre idas e vindas para a capital paulista, horas e horas atrás de um volante, e então percebeu que precisava de mais. Nessa época já tinha como hobby pedalar nas horas vagas com alguns amigos. E seu coração pedia mudanças e novos desafios.
Um ato de solidariedade resultou em um grande empreendimento. Com apoio mútuo resolveu que era a hora de ajudar outras pessoas. Peixe organizou uma pedalada beneficente com a intenção de arrecadar brinquedos. Conciliou esse projeto e suas viagens para São Paulo em uma semana. Para isso ele teria que pedalar das seis da manhã às seis horas da tarde.
A ação resultou em uma tonelada de alimento, brinquedos e bebidas. Depois dessa atividade, foi estendido o projeto social a várias cidades da região.
E hoje quem vê a sua influência no mundo do esporte, e seu conhecimento profissional com o Bike Shop, não imagina que tudo começou com a ideia de uma renda extra. Seu início foi vender roupas e artigos para ciclismo na garagem de casa. Porém a voz de empreendedor já palpitava em seu coração. “Investe, arrisca, tenta, vai sem medo, deixa o mundo conhecer quem você é! ”, era o que ele ouvia dentro de si mesmo.
Mas quando se trata de empreender, muitas vezes o primeiro passo é sempre o mais difícil. Para o Peixe, a incerteza era o principal impedimento para começar algo novo. “Eu não tinha coragem de sair do meu emprego, não tinha mesmo! Quando resolvi construir a loja, a ideia era fazer algo pequeno só para a Dani, minha esposa, poder trabalhar. Mas muitas coisas aconteceram e sentimos que era preciso aumentar o volume, fazer o negócio crescer mais do que imaginávamos”.
“Por muitas noites fiquei pensando em como pagaria tudo isso e Deus me abençoou! Em um único mês cheguei a vender 40 bicicletas sem estar com a loja aberta, foi por Deus tudo isso. Fui gerando um fluxo de caixa, pagando as contas, e me mantendo.
Disposição
Ajudar o próximo, vibrar pelas conquistas das pessoas, facilitar a vida dos clientes ou empurrar um colega na subida de bike são atitudes que para o Peixe não tem preço. Algo que ele percebeu que deveria fazer parte de sua filosofia nos negócios e na vida. “Juntos nós somos mais fortes, vamos mais longe. Estar em grupo é sempre melhor para todo mundo”.
Uma das características de um bom empreendedor é a transparência, que somada à qualidade e ao respeito são um trio imbatível para o sucesso, agregando também a ser fiel a sua essência e a seus valores, mantendo sempre a ética e o bom senso. “Se você trazer sua bicicleta aqui eu vou desmontar inteirinha na sua frente, explicar tudo certinho. Vou fazer o meu melhor e com transparência sempre, com mais carinho do que se fosse meu. Precisamos nos colocar no lugar do outro”.
Quando olhamos para trás, os erros, acertos, decisões, alegrias e tristezas ganham outra cor. Empreender é como andar de bicicleta. É olhar a subida e saber que é difícil, mas não impossível. E que no final a vista será maravilhosa. “Passar fome não é fácil. Quando eu olho para trás dou muito valor ao que eu tenho. Eu sei o quanto suei para conquistar e hoje me orgulho de mim e da minha história”.